segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Likurgo Nakasu - PRESENTE

Faleceu no dia 09/11/11 ,quarta feira, de infecção generalizada, Likurgo Nakasu, tendo o corpo sido cremado hoje de manhã no cemitério da Vila Alpina.


Licurgo estava com a saúde bastante debilitada, pois vinha já há algum tempo lutando contra um câncer na laringe.


Natural de Atibaia (SP), se formou em agronomia pela ESALQ de Piracicaba.


Devido à militância política enfrentou a clandestinidade, a prisão e a tortura, na rua Tutóia (DOI-CODI-Operação Bandeirantes), no ano de 1972.Lico, como era conhecido, nunca abriu a mão de princípios e da postura de luta por um mundo melhor.


Nos últimos anos, residia e trabalhava no interior do estado do Ceará.
Já a médica pediatra Elzira Vilela foi presa com seu marido, Likurgo Nakasu e a filha, Carminha, de apenas um ano, em 3 de setembro de 1973.

“Fomos levados para a temível Operação Bandeirantes, com todo o terrorismo que lhes era peculiar. Tive de entregar minha filha Carminha para eles. Fiquei sem saber dela durante cinco ou seis dias. Foram os piores dias de minha vida. Iniciou-se a fase de torturas. Foram mais ou menos 80 dias. Choques elétricos e espancamentos dias e noites durante duas ou três semanas. Daí arrefeciam. Mas depois de algum tempo torturavam outra vez. Era uma gritaria diuturna. Tocavam música para abafar os gritos. O mais alto grau de tensão. Um circo dos horrores”, descreveu. “As pessoas que iam ser mortas já eram levadas, possivelmente, para outro local. Falava-se da existência de uma casa de extermínio próxima à região de Interlagos” – disse a médica que acusou ainda as empreiteiras Camargo Correa, Andrade Gutierrez e outras empresas de manterem financeiramente o DOI CODI daqueles tempos infernais. Nem por isso nenhum “macho” teve a ousadia de investigar e denunciar o caso, levando-os aos tribunais democráticos, o que faz de nossa suposta democracia uma espécie de interregno entre as ditaduras. Isto é, vivemos num país alternado entre uma república democrática e uma república ditatorial, dependendo do humor da politicalha de plantão nas altas esferas.
Segundo depoimento da Dra. Elzira Vilela “os chefões de equipes de torturadores eram altas patentes do Exército e a ordem era que fossem dados choques elétricos para não deixarem marcas da tortura. Eles também tentavam evitar que presenciassem a morte de algum companheiro. Choque é pior que pancadaria. É horrivelmente desestruturante. Mas, a única coisa em que eu pensava é que não entregaria ninguém. Pesou muito minha firmeza ideológica. No momento da tortura, achava que não falaria, mas enlouqueceria. Houve momentos em que puseram um companheiro para eu torturar. Eram situações de muito conflito. Eu fingia desmaiar”. – Seis pessoas da família de Elzira Vilela foram presas, mesmo não sendo militantes políticos.
Vilela, que em 1998 pertencia à Organização Não-Governamental Tortura Nunca Mais, de São Paulo, revolta-se ao saber que alguns torturadores ocupam altos cargos no governo.

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