segunda-feira, 25 de julho de 2011

MORTOS E DESAPARECIDOS POLITICOS DO BRASIL

MARIA REGINA MARCONDES PINTO

Nasceu em Cruzeiro, São Paulo, em 17 de julho de 1946, filha de Benedito Rodrigues Pinto e Iracy Ivette Marcondes Pinto.


Desaparecida desde 1976, aos 29 anos de idade.


No Relatório do Ministério da Marinha consta que Maria Regina “desapareceu após ser seqüestrada... (DOU n° 60 de 28/03/81 - DOU/SP)”.


Já o Relatório do Exército, é mais preciso e afirma: “em 08 de abril de 1976, foi presa na Argentina.”


Em fins de 1969 ou início de 1970 saiu do Brasil, com documentação legal e foi para Paris, onde já se encontrava o seu companheiro Emir Sader, professor da Faculdade de Ciências Sociais da USP, que tivera problemas com a Justiça Militar no Brasil.


Em Paris permaneceu por cerca de seis meses, indo ambos para Santiago, no Chile, onde ligou-se ao Movimiento de Isquierda Revolucionario (MIR).


Durante o tempo que residiu e estudou em Santiago, veio 3 ou 4 vezes a São Paulo para visitar os familiares.


Após a queda do Presidente Salvador Allende esteve presa no Estádio Nacional.


Conseguindo sair, veio para o Brasil, onde permaneceu cerca de seis meses.


Foi para Buenos Aires, onde passou a residir em companhia de Emir e estudar.


Em 10 de abril de 1976, em Buenos Aires, Maria Regina foi encontrar-se com Edgardo Enriquez, médico, filho do ministro da Educação do Governo Allende (já deposto) e ligado ao MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionário). Nunca mais foram vistos. De Edgardo, chegou, tempos depois, a notícia de que um preso político chileno ouvira sua voz num presídio do Chile, gritando: “Sou Edgardo Enriquez e eles vão me matar”.


Houve comentários de que foi presa e teria sido vista num presídio de mulheres. Seu companheiro havia saído dias antes para Paris.


Foi noticiado por jornais europeus que Regina fora presa pelo governo argentino, sendo posteriormente entregue à polícia chilena.


Em maio de 1976, o Comitê Francês de Apoio à Luta do Povo Argentino denunciou que a Junta Militar argentina havia detido Edgardo e Maria Regina e encaminhado ambos às autoridades chilenas do governo de Pinochet.


Mais tarde chegou outra informação que dava conta que Maria Regina fora levada, já sofrendo perturbações de ordem psiquiátrica, da Argentina para Santiago, por uma pessoa de nome Eduardo Allende.


Ainda outra informação que chegou,
posteriormente confirmada por outras fontes, dizia que Maria Regina estaria internada em uma clínica psiquiátrica de Santiago, situada em um prédio de três pavimentos na Calle Victorya, n° 293, mas aí também não foi encontrada.

Regina Marcondes
El 10 de abril de 1976 al atardecer Edgardo ENRIQUEZ ESPINOZA, tercer hombre del MIR en importancia y hermano del fallecido Secretario General, fue detenido al salir de una reunión de la Junta
CoordinadoraRevolucionaria, en Buenos Aires. Conjuntamente fueron detenidos por la Policía Federal argentina, en colaboración directa con agentes del Departamento Exterior de la DINA, la joven brasileña Regina Marcondes, también desaparecida y varios otros chilenos del MIR. Edgardo Enríquez fue trasladado a los campos de concentración argentinos El Olimpo, Campo de mayo y a la Escuela Mecánica de la Armada (ESMA) ubicados en las cercanías de Buenos Aires.


Aunque las autoridades chilenas han negado terminantemente la detención de Edgardo Enríquez, la Comisión ha llegado a la convicción, basada en testimonios fidedignos y serios, de que el dirigente, que gozaba de la protección del Acnur fue trasladado desde los recintos de detención argentinos a Villa Grimaldi en Santiago. Para corroborar esta convicción, cabe destacar uno de los informes confidenciales de la DINA a su servicio exterior con sede en Buenos Aires - que la Comisión pudo examinar - el que señala que en fecha 23 de diciembre de 1975, o sea cuatro meses antes de su captura, la DINA ya tiene tendido el cerco alrededor del alto dirigente del MIR y de varios de sus colaboradores y ordena a sus agentes en el extranjero "su traslado a Chile, después de capturarlos". Otro testimonio dio fe ante esta Comisión de que efectivamente existió un télex que daba la misión por cumplida.


La Comisión está convencida de que su desaparición fue obra de agentes del Estado, quienes violaron así sus derechos humanos.


(Informe Rettig)


[ Desaparecidos ]


Memoria Viva


Archivo digital de las Violaciones de los Derechos Humanos de la Dictadura Militar en Chile (1973-1990)
Maria Regina Marcondes Pinto


Nasceu em Cruzeiro, São Paulo, em 17 de julho de 1946, filha de Benedito Rodrigues Pinto e Iracy Ivette Marcondes Pinto. Desaparecida desde 1976, aos 29 anos de idade. No Relatório do Ministério da Marinha consta que Maria Regina "desapareceu após ser seqüestrada... (DOU n° 60 de 28/03/81 - DOU/SP)". Já o Relatório do Exército, é mais preciso e afirma: "em 08 de abril de 1976, foi presa na Argentina." Em fins de 1969 ou início de 1970 saiu do Brasil, com documentação legal e foi para Paris, onde já se encontrava o seu companheiro Emir Sader, professor da Faculdade de Ciências Sociais da USP, que tivera problemas com a Justiça Militar no Brasil.










[PDF] MARCONDES PINTO, Maria Regina
/www.archivochile.comMemorial/caidos_mir/.../marcondes_pinto_maria.pd...Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Visualização rápidan  CEME – Centro de Estudios Miguel Enríquez – Archivo Chile. Sida 1. MARCONDES PINTO, Maria Regina. NOMBRE COMPLETO: Maria Regina Marcondes Pinto ...














[PDF] Colóquio Internacional Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone Sul ...


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Outra brasileira Maria Regina Marcondes Pinto, era militante do Partido Operário . Comunista (POC) deixou o Brasil entre 1969 e 1970, indo para Paris, ...
[PDF] NILSON CEZAR MARIANO MONTONEROS NO BRASIL Terrorismo de Estado no ...tede.pucrs.br/tde_busca/processaArquivo.php?codArquivo=308Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTML


Maria Regina Marcondes Pinto: nascida em São Paulo, tinha 29 anos, trabalhava como professora de português. Desapareceu quando estava com o chileno Edgardo ...
[PDF] BRASIL Y LA OPERACIÓN CONDOR


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CONADEP nº3008), Maria Regina Marcondes Pinto de Espinosa (08/04/76 – CO-. NADEP nº3089), Jorge Alberto Basso (15/04/76 – CONADEP nº1956), Walter Ken- ...










Breve biografia de Emir Sader por Carlos Eduardo Martins

Emir Sader nasceu em 1943, em São Paulo, segundo filho do imigrante libanês, Nahul Sader, e da professora de piano Ercilia Simão, pais também de Eder Sader e Eliana Sader. Emir estudou no Grupo Escolar Floriano Peixoto, engajou-se no movimento estudantil e a partir de então passou a sofrer forte influência do tio Aziz Simão – que se tornará professor de sociologia da USP após a cegueira interrompe-lhe a carreira de farmácia –, para quem lia junto com seu irmão Eder os clássicos da sociologia. Através de Aziz, Emir entrou em contato com grandes intelectuais do pensamento crítico paulista como Antonio Cândido, Florestan Fernandes e Paulo Emílio Salles Gomes. Seu engajamento político o levou a formar, com Eder, a Política Operária (POLOP) que reuniu um grupo dirigente cujos integrantes se destacariam mais tarde como importantes referências intelectuais da esquerda latino-americana e mundial, como Ruy Mauro Marini, Michael Löwy, Theotonio dos Santos, Vânia Bambirra, Moniz Bandeira e Paul Singer, entre outros. Ingressou em 1962 no curso de filosofia da USP, onde graduou-se em 1965. Mestre em filosofia política, em 1968 defendeu a dissertação Estado e Política em Marx, frente à banca examinadora composta por Ruy Fausto, Bento Prado Jr. e Jose Arthur Gianotti. Perseguido politicamente pela ditadura, Emir passou a clandestinidade em 1970 e ao exílio no Chile, sendo condenado pelo regime militar, à revelia, a dois anos de prisão. No Chile tornou-se professor assistente da Faculdade de Economia da Universidade do Chile e vinculou-se como pesquisador ao Centro de Estudos Sócio-econômicos (CESO) que reunirá parte do pensamento crítico mundial em seminários e conferências de grande impacto e notoriedade. Esta experiência foi destruída em 1973, pelo golpe militar chileno, quando então passou ao segundo exílio em Buenos Aires – onde sua segunda companheira, Maria Regina Marcondes Pinto, é assassinada e desaparecida pela Operação Condor durante a ditadura de militar dirigida por Jorge Rafael Videla –, seguido de períodos em Paris, Roma e finalmente Havana. Retornou ao Brasil em 1983, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e defendeu sua tese de doutorado em 1987, A crise hegemônica e sua ideologia: teorias do Estado brasileiro durante o regime militar, orientada por Francisco Weffort. Tornou-se por concurso professor do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (UERJ) em 1987-88, do Departamento de Sociologia (USP), entre 1988-97, e do Departamento de Políticas Sociais da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1993-2009.


Pesquisador do FLACSO (1986-88), coordenador do Programa de Estudos da América Latina e o Caribe do Centro de Ciências Sociais da UERJ (1996-1999), Emir Sader foi eleito Presidente da Associação Latino-americana de Sociologia (ALAS) entre 1997-99. Atualmente é Secretário-Executivo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO), por dois mandatos consecutivos, 2006-09 e 2009-2012, coordena o Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, desde 2000, e leciona no Departamento de História da UERJ desde 2009.


É autor de uma vasta obra bibliográfica, composta por 96 livros (entre autoria, co-autoria e organização), 154 publicações como capítulos de livros, 243 em periódicos e 736 em jornais de notícias e revistas. Foi ainda o organizador (com Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile), autor e principal idealizador da Latinoamericana: Enciclopédia Contemporânea de América Latina e do Caribe, vencedora do prêmio Jabuti de melhor livro do ano de não-ficção em 2007. Entre seus livros mais recentes estão A nova toupeira – Os caminhos da esquerda latino-americana – traduzido e publicado na Argentina, na Espanha e na Inglaterra –, de sua autoria, e O Brasil, entre o passado e o futuro – este organizado em parceria com Marco Aurélio Garcia –, ambos publicados pela Boitempo Editorial.
Breve biografia por Carlos Eduardo Martins


Livro aproxima sociólogo de pistas sobre o fim de sua mulher 25 de abril de 2009 23h 59


Emir Sader* - O Estado de S.Paulo


Eu estava viajando quando soube que minha mulher, Maria Regina Marcondes Pinto, havia sido sequestrada pelas forças repressivas da ditadura militar argentina, com o dirigente político chileno Edgardo Enriquez, no dia 10 de abril de 1976, pouco tempo depois do golpe dirigido pelo general Videla - hoje em prisão domiciliar.


A partir daquele momento, participei das múltiplas tentativas de localizá-los, com todas as dificuldades que os familiares de desaparecidos enfrentam. De negar que tivessem sido presos - primeira atitude na grande maioria dos casos, postura exportada pela ditadura brasileira para os regimes de terror congêneres na região -, passando por pistas falsas (teriam sido vistos em um campo de concentração no Chile, ou Maria Regina estaria internada em uma clínica psiquiátrica no centro de Santiago, que não existia), até situações como a do jovem militar argentino que veio ao Brasil vender informações sobre brasileiros desaparecidos em seu país. Este foi entrevistado por Maurício Dias para IstoÉ. Disse que todos tinham sido jogados no mar, nos "voos da morte", em que presos eram embarcados sedados, dizendo-se que iam ser transferidos para outro presídio, mas, na presença de um capelão das Forças Armadas, eram jogados no mar. Nada se confirmou.


Recentemente, me ligaram em Buenos Aires pedindo dados físicos sobre ela, para verificar se algum dos novos corpos encontrados corresponderia ao dela. Rumores sobre a morte de Edgardo - pouco verossímeis, na minha opinião - também surgiram no Chile, porém não incluíam nenhuma referência a Maria Regina, que, ao que tudo indica, foi presa com ele.


Fui convocado a depor por Baltasar Garzón (juiz espanhol que determinou a prisão de Augusto Pinochet em 1998), em Madri, no marco de suas investigações sobre a Operação Condor. Maria Regina é uma das 25 mil pessoas assassinadas pela ditadura militar argentina, várias ainda desaparecidas. Seu nome consta no mausoléu construído em frente a um dos mais terríveis locais de tortura, a Esma, Escola de Mecânica da Marinha argentina - hoje entregue pelo governo dos Kirchners a entidades de direitos humanos.


*Sociólogo, professor da USP e autor de América Latina e a


Globalização e A Nova Toupeira (ambos pela Boitempo, em 2009)


Novo Dossiê traz informações sobre desaparecidos publicada sexta-feira, 24/04/2009 às 16:12 e atualizada quarta-feira, 02/06/2010 às 16:02


(O ESCRIVINHADOR)Blog do Rodrigo Vianna


“Operação Condor” não é só o nome pomposo para uma articulação que reunia as ditaduras militares da América Latina durante os anos 70. Não. Esta foi uma Operação de verdade, que deixou vítimas de verdade – com nome, história, família. Vítimas que – em muitos casos – até hoje não ganharam o direito de repousar em paz.


Dezenas de pessoas mortas pelos serviços de segurança continuam na lista dos “desaparecidos”: os corpos nunca foram localizados ou entregues aos parentes.


O “Dossiê Ditadura – Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil (1964-1985)” lança alguma luz, e oferece pistas para que as famílias sigam procurando seus desaparecidos. Mais: oferece base de dados para que – no Brasil – a sociedade pressione o Estado, e exija informações detalhadas sobre aqueles que morreram.


O livro – lançado neste fim-de-semana em São Paulo – foi organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.nova edição, revista e ampliada, de um Dossiê já publicado em 1996.
Em relação ao relatório da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do governo federal, publicado em 2007, novas pesquisas permitiram acrescentar 22 nomes à lista dos mortos e desaparecidos no Brasil. Além disso, foram acrescentados mais sete casos, de brasileiros ou filhos de brasileiros, que morreram ou desapareceram na Argentina e no Uruguai, entre eles o ex-presidente João Goulart, deixando evidentes algumas conexões entre fatos ocorridos na Argentina e no Brasil. Dessa forma, o total de mortos e desaparecidos chega agora a 426 casos


Um dos casos ocorridos na Argentina é o de Maria Regina Marcondes Pinto. Brasileira, militante de esquerda, no Chile ligou-se ao MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionario). Em 1976, ela encontrava-se em Buenos Aires, onde desapareceu.


Na época, Maria Regina mantinha-se próxima politicamente de Edgardo Enriquez, médico chileno e militante do MIR. Durante anos, acreditou-se que Maria Regina e Enriquez havam sido presos na Argentina, e enviados para as mãos da DINA (polícia politica de Pinochet). Presumia-se que os dois tivessem morrido no Chile.


Pois bem: em 2005, investigações realizadas na Argentina trouxeram uma reviravolta completa. Enriquez foi identificado como o homem morto num tiroteio em Buenos Aires, no dia 10 de abril de 76. Ele havia sido enterrado como “não-identificado” no cemitério da Chacarita, na capital argentina e, alguns anos depois, os restos mortais foram transportados para o ossário do cemitério.


Portanto, há esperanças de que o corpo de Maria Regina esteja também em Buenos Aires. Se algum parente ceder sangue será possível realizar exames genéticos para tentar localizar os restos mortais da brasileira.


O relatório também traz detalhes sobre desaparecimentos ocorridos, em 1973, no Brasil e na Argentina. Os casos, aparentemente, têm conexão!


Os brasileiros João Batista Rita e Joaquim Pires Cerveira – militantes de esquerda exilados em Buenos Aires – foram seqüestrados no dia 5 de dezembro em 1973. O Dossiê traz o relato da mulher de Cerveira:


Cerveira e João haviam se encontrado no dia 5 de dezembro, quando realmente foram vistos juntos por pessoas conhecidas, em torno das 18h, em Migraciones, zona do Retiro, tratando do visto de permanência. Foi a última vez que foram vistos em Buenos Aires. Cerveira, por motivos de segurança, usava identidade fictícia em nome de Walter de Sousa ou Moura Duarte, mesmo porque, quando foram desterrados, não receberam seus documentos. Rossi, um homem que se encontrava presente na casa em que Cerveira se hospedava, confirmou-me, pessoalmente, os fatos descritos no processo de habeas corpus. Às 3 horas da madrugado do dia 6 de dezembro de 1973, 6 policiais argentinos dizendo-se da Polícia Federal, realizaram uma busca na residência de Cerveira a procura, segundo disseram, de armas e documentos comprometedores, como nada encontrassem, retiraram-se negando qualquer explicação. Nesse mesmo dia, por volta de 11 horas, o mesmo grupo voltou aquele local, desta vez acompanhados de outro homem, o qual dizia que ali se refugiara um exilado brasileiro que estava sendo requerido pelas autoridade do seu país natal, mostrando-lhes uma foto de Cerveira; o novo componente do grupo e que parecia chefiá-los não havia dúvida, era brasileiro, e notava-se uma cicatriz num dos lados da testa [identificado mais tarde pelos familiares como o delegado Sérgio Paranhos Fleury]. Após nova revista na casa, interrogaram e ameaçaram a família dos residentes e retiraram-se, não sem antes dar a entender que o brasileiro já estava preso.


De acordo com o Dossiê, há indícios de que o desaparecimento de Cerveira e João Batista era parte de uma operação maior, na qual foram seqüestrados, em 21 de novembro de 1973, 4 militantes de esquerda no Rio de Janeiro. São eles: Caiupy Alves de Castro (brasileiro, que mantinha contatos com Cerveira desde 1971 no Chile), Jean Henri Raya Ribard, Antonio Luciano PregoniAntonio Graciani (esses três vindos da Argentina alguns dias antes, para reuniões no Brasil).
Há algumas pistas sobre Jean Henri Ribard (nascido na França, vivia na Argentina): ele chegou ao Rio de Janeiro em novembro de 1973 e hospedou-se em um hotel na avenida Atlântica, nº 3.150, ficando no apartamento 204, de onde escreveu a amigos de Buenos Aires.


Henri e os outros 2 militantes argentinos desapareceram no mesmo dia em que o brasileiro Caiupy também sumiu no Rio de Janeiro. Caiupy foi visto pela última vez, pela mulher, quando desceu de um ônibus em Copacabana, perto do hotel em que se hospedava Jean Ribard. Caiupy confidenciou à esposa que teria um encontro com um amigo. Nunca mais foi visto.


Nada foi noticiado pela imprensa da época, e permanece uma incógnita o que ocorreu.


Mas agora, ao menos, sabe-se que o seqüestro dos dois brasileiros em Buenos Aires pode ter ligação direta com o desaparecimento dos 4 militantes no Rio. Uma pista sobre qualquer um deles pode ajudar a encontrar todos os outros.


Encontrar pistas, no entanto, não é tarefa fácil. O Dossiê revela “a intenção deliberada da cúpula das Forças Armadas de eliminar aqueles considerados “irrecuperáveis”, de forma velada, sem chamar a atenção da sociedade.” E cita reportagem da revista Istoé, de 2004, que “tornou públicas partes da ata da reunião que ocorreu entre os generais Ernesto e Orlando Geisel, Milton Tavares, Antônio Bandeira e o presidente da República, Emílio G. Médici. Em maio de 1973, eles redefiniram as diretrizes da repressão política, cujo principal objetivo era “[...] a utilização de todos os meios para eliminar, sem deixar vestígios, as guerrilhas rurais e urbanas, de qualquer jeito, a qualquer preço”.


O “Dossiê Ditadura” (1964-1985) é uma ferramenta para as famílias, e um documento importante para todos os brasileiros que se interessam em saber mais sobre esse período.


Trata-se de documento oportuno para rechaçar afirmações infames, como a da “Folha de S. Paulo”, jornal que em editorial recente classificou a ditadura brasileira de
“ditabranda”.


O prefácio do livro, aliás, é de Fabio Konder Comparato. Brilhante jurista, humanista e combatente na luta contra as injustiças, Comparato é aquele a quem Otavinho Frias chamou de “democrata de fachada”. Comparato teve a petulância – vejam só -de criticar o editorial da “Folha” que definiu o regime assassino de 64 como uma “diatabranda”.


Viva Comparato!


Parabéns aos responsáveis por esse trabalho importantíssimo de memória, em especial à historiadora Janaina de Almeida Teles e ao editor Flamarión Maués.






Brasil se omite sobre desaparecidos na ditadura argentina


Da Redação






Mães na Praça de Maio. O governo autoritário deixou marcas na Argentina mesmo após a ditadura. O Brasil evita tornar-se parte em ações na Justiça argentina que investigam o desaparecimento de brasileiros no país durante sua última ditadura militar (1976-83). Desde 2007 o Brasil reconheceu que pelo menos seis brasileiros desapareceram na ditadura argentina e poderia participar de pelo menos três ações em andamento que estão relacionadas ao desaparecimento de brasileiros. Além de cobrar por Justiça, poderia contribuir com informações e documentos para ajudar a esclarecer os casos.


Os dados estão no “Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos”, organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. O governo adota o balanço como oficial.


Os desaparecidos são: Francisco Tenório Cerqueira Júnior (1976), Maria Regina Marcondes Pinto de Espinosa (1976), Sidney Fix Marques dos Santos (1976), Walter Kenneth Nelson Fleury (1976), Roberto Rascardo Rodrigues (1977) e Luiz Renato do Lago Faria (1980).


Desde 2005, a Argentina já processou mais de 820 pessoas por crimes ocorridos no período, resultando em mais de 200 condenações. Diferente do Brasil, países como Chile, Espanha e França já se tornaram parte em ações que investigam o desaparecimento de cidadãos durante o terrorismo de Estado argentino.


Anistia


Em 2010, o Supremo Tribunal Federal declarou que a Lei de Anistia, de 1979, é válida também para ex-agentes da ditadura acusados de torturas e desaparecimentos.


Além de se recusar a participar das ações no país vizinho, o Brasil dificulta o acesso a informações pedidas por promotores argentinos. Integrantes do Ministério Público relataram dificuldades para obter papéis no Brasil.


Em junho, o promotor argentino Miguel Osorio, responsável pela investigação da Operação Condor, enviou ao Brasil pedido de informações sobre a aliança das ditaduras do Cone Sul. Não recebeu resposta até o momento.


Tags:


Argentina, Brasil, crimes políticos, desaparecidos políticos, ditadura argentina, Ditadura Militar, Justiça, mortos e desaparecidos, omissão, Tortura




Maria Regina Marcondes Pinto


Ficha Pessoal


Dados Pessoais


Nome: Maria Regina Marcondes Pinto


Cidade: (onde nasceu)Cruzeiro


Estado: (onde nasceu)SP


País: (onde nasceu)Brasil


Data: (de nascimento)17/7/1946






Dados da Militância Organização: (na qual militava)Movimento Izquierda Revolucionario MIR Chile


Prisão: 8/4/1976 Argentina


Segundo Relatório do Ministério do Exército.


Morto ou Desaparecido:
Desaparecido 10/4/1976


Buenos Aires Argentina


Clandestinidade


Dados da repressão


Biografia


Documentos


Foto


Foto do rosto de Maria Regina Marcondes Pinto.






Foto


Foto de rosto.






Termo de declarações


Termo de depoimento à Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, de 14/11/90, de Iraci Ivete Marcondes Pinto, mãe de Maria Regina Marcondes Pinto. Conta que sua filha fora presa na Argentina em 1976, e desde então desapareceu. No início dos anos oitenta, um policial argentino deu entrevista no Brasil, dizendo que Maria Regina havia sido torturada, assassinada e jogada no mar. Há, ainda, outra versão de que ela se encontraria em um hospital chileno, fazendo sonoterapia.






Ofício


Informação oficial do Alto Comissariado das Nações Unidas no Itamarati, dizendo que em 11/76, Maria Regina Marcondes Pinto teria sido localizada internada em um hospital chileno, fazendo tratamento de sonoterapia, e encontra-se atualmente sob os cuidados da família de Eduardo Allende.






Depoimento


Depoimento sobre Maria Regina Marcondes Pinto. Conta que em fins de 1969 mudou-se para Paris, acompanhando seu companheiro que estava com problemas políticos, o professor da Universidade de São Paulo (USP), Emir Sader. Após seis meses, mudaram-se para o Chile, vindo sempre visitar os familiares no Brasil, e depois mudou-se para a Argentina. Lá foi presa, e desde então desapareceu. A última informação foi de que estaria internada numa clínica psiquiátrica chilena.


Carta


Carta da mãe de Maria Regina Marcondes Pinto, de 20/04/92. Traz alguns dados pessoais de Maria Regina e conta que em fins de 1969 ela mudou-se para Paris, acompanhando seu companheiro que estava com problemas políticos, o professor da Universidade de São Paulo (USP), Emir Sader. Após seis meses, mudaram-se para o Chile, e depois para a Argentina, onde Regina desapareceu.


Carta


Documento escrito por Eliana Sader Souza à Comissão 261/90 de São Paulo, SP, em 20/04/92. Informa alguns dados físicos de Maria Regina Marcondes Pinto.

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