sábado, 9 de julho de 2011

Acervo sobre ditadura militar repatriado ao Brasil será digitalizado


Acervo sobre ditadura militar repatriado ao Brasil será digitalizado
Uma série de documentos sobre violações dos direitos humanos por agentes do Estado durante o último período autoritário foi repatriada ao Brasil. O acervo que estava nos Estados Unidos foi entregue pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e pelo Center for Research Libraries a autoridades brasileiras na terça-feira (14/06), na Procuradoria Regional da República em São Paulo.


O material faz parte do acervo Brasil: Nunca Mais, que será digitalizado e colocado à disposição para consulta pela internet. São cópias de 707 processos judiciais do Superior Tribunal Militar (STM). Outros 4 mil documentos do CMI sobre o período também farão parte do coleção digital, que começa a ser construída em julho e deve estar disponível para acesso em 2012. O Arquivo Público do Estado de São Paulo ficará responsável pelo trabalho.


Essa iniciativa de difusão e pesquisas de documentos é resultado da ação de grupo que contou com a liderança e apoio do arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns e do pastor Jaime Wright. Entre 1979 e 1985, eles copiaram clandestinamente processos do STM e enviaram aos Estados Unidos, na tentativa de preservar a história do país durante os “anos de chumbo”, o que resultou no Brasil: Nunca Mais.
As cerca de 1 milhão de páginas dos processos datados de 1961 a 1976 mostram informações e evidências de violações dos direitos humanos. Já o acervo do CMI é formado principalmente por correspondências trocadas entre Dom Paulo Evaristo Arns e Jaime Wright, ainda inéditas, durante os seis anos de execução do projeto.


Para o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, a iniciativa promove o direito à memória e à verdade e amplia o acesso dos brasileiros as informações de um período extremamente duro de história brasileira. “O projeto Brasil: Nunca Mais está em plena consonância com as políticas que o governo federal vem desenvolvendo desde ações da Secretaria de Direitos Humanos, da Comissão de Anistia e do Arquivo Nacional”, ressaltou. A digitalização desses arquivos – complementou Abrão – é um marco que se soma ao Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985) - Memórias Reveladas.


O projeto do Ministério Público Federal, do Armazém Memória e do Arquivo Público do Estado de São Paulo conta com o apoio da OAB/RJ, do Center for Research Libraries (EUA), do Conselho Mundial de Igrejas (Suíça) e do Instituto de Políticas Relacionais.
14/06/2011 - 18:22h

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