domingo, 8 de agosto de 2010

HOMENAGEM A HILDEGARD ANGEL

Betinho Duarte homenageia Hildegard Angel durante as homenagens em memória a todos que lutaram contra a Ditadura Militar, entre eles, seus familiares Zuzu Angel (mãe), Stuart Edgar Angel Jones (irmão) e Sônia Maria de Moraes Angel Jones (cunhada), com uma cópia da escultura "ARCO DA MALDADE" criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer .

Betinho Duarte, enquanto Presidente da Câmara idealizou o projeto Tributo à Utopia realizado em 31 de março de 2004, com o objetivo de reverenciar a memória dos mortos e desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar. Na ocasião, Hidelgard Angel representou seus familiares e escreveu na sua coluna do Jornal do Brasil o texto abaixo transcrito:


TRIBUTO À UTOPIA
Foram nove meses de gestação.
Em julho do ano passado, o vereador Betinho Duarte, presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, expediu cartas para os quatro cantos do país falando de seu projeto de um evento que lembrasse os 40 anos de golpe militar, em março de 2004, e que contasse essa história brasileira às novas gerações, que a desconhecem.
Como retorno, recebeu congratulações, mas não a esperada adesão ao projeto.
Com paciência, Betinho atraiu aliados - a Rede Minas, a prefeitura, o governo do Estado.
E esta semana Belo Horizonte realizou uma das mais completas e expressivas manifestações, por ocasião desse constrangedor aniversário...
O Estádio Mineirão lotou com milhares de jovens brindados por um show de artistas locais interpretando as músicas emblemáticas daquela época.
Houve seminário.
Por fim, na terça-feira, dia 31 de março, o plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte lotou para a entrega da condecoração Tributo à Utopia, àqueles 150 nomes de Minas, ou ligados ao Estado de Minas, que foram perseguidos, presos, punidos, torturados, flagelados, mortos pelo golpe militar...
Quanta emoção! A sala era um pote até aqui de lágrimas. Lá estavam aquelas 150 pessoas - 148, para ser precisa - que sofreram na carne a tirania do regime arbitrário, representadas, quase todas, pelos seus sobreviventes. As mães e mulheres, os filhos, pais, irmãos, os maridos. De dez em dez nomes, eles recebiam o colar com a grande medalha, silenciosos. Falar o quê? Os rostos diziam. As noites sem dormir, a ansiedade da espera, o desespero da dúvida, o cansaço da busca, o choque da notícia trágica, estava tudo lá, escrito naqueles vincos, traços e rugas, cortando testas, circundando olhos, margeando bocas...
Eu, ali, procurando adivinhar a história de cada um. Naqueles olhares, onde antes devia haver revolta, eu encontrava a opacidade da dor esmaecida. Alguns choravam. Outros não. Alguns sorriam, envaidecidos. Uma daquelas mães, ar de fragilidade, sorriso quase infantil, ostentava duas medalhas. Eram dois filhos mortos que luziam em medalhões dourados, presos à fita de gorgorão vermelho. Nos olhinhos que brilhavam, o orgulho contente da homenagem se confundia com a tristeza da perda...

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