segunda-feira, 1 de agosto de 2011

OS INIMIGOS (Pablo Neruda)



Aqui eles trouxeram os fuzis repletos


de pólvora, eles comandaram o acerbo
extermínio,

eles aqui encontraram um povo que

cantava,

um povo por dever e por amor reunido,

e a delgada menina caiu com a sua bandeira,


e o jovem sorridente girou a seu lado ferido,


e o estupor do povo viu os mortos tombarem


com fúria e dor.


E não, no lugar

 onde tombaram os assassinados,


baixaram as bandeiras para se empaparem do


sangue

para se erguerem de novo diante dos assassinos.






Por estes mortos, nossos mortos,
peço castigo.




Para os que salipicaram a pátria de sangue,
peço castigo.


Para o verdugo que ordenou esta morte,
peço castigo.


Para o traidor que ascendeu sobre o crime,
peço castigo.


Para o que deu a ordem de agonia,
peço castigo.


Para os que defenderam este crime,
peço castigo.


Não quero que me dêem a mão empapada de

nosso sangue.
Peço castigo.


Não vos quero como Embaixadores,


tampouco em casa tranqüilos,


quero ver-vos aqui julgados,


nesta praça, neste lugar.


Quero castigo.


Pablo Neruda


Canto Geral


Tradução de Paulo Mendes Campos


Revista por Maria José de Queiroz


Difel/Difusão Editorial – edição 1979

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