FAMÍLIA JOSÉ MARIA RABELO
Pelo menos uma vez na vida, eu e meus seis irmãos tivemos um forte motivo para acreditar que Papai Noel existe. Era dezembro de 1965, no primeiro natal na casa que tínhamos alugado durante o nosso exílio no Chile. O meu pai tinha arranjado um emprego numa instituição de pesquisa, mas as dificuldades financeiras ainda eram grandes. A minha mãe estava muito triste e preocupada porque não conseguira comprar os presentes de natal para os setes filhos. Na véspera da noite de natal, o meu irmão Didi descobriu uma pequena passagem para o sótão da casa, onde encontrou um tesouro escondido. Eram três caixas de brinquedos importados fantásticos, usados e cobertos de pó. Lá do alto, com uma corda nas mãos, ele ia descendo os brinquedos, num momento de encantamento, eu e meus irmãos olhávamos maravilhados. Coube ao cientista político, jornalista e poeta mineiro, Edmur Fonseca, que nos visitava, com a sua sensibilidade, dar a explicação para a minha mãe sobre aquela “súbita expropriação”, porque afinal aqueles brinquedos não eram nossos: “Olha Thereza, dono de brinquedo é criança, não pense mais nisso”, afirmou convincentemente Edmur Fonseca. A origem desses brinquedos é um mistério, moramos anos naquela casa e nunca ninguém apareceu para reclamar sua posse.
Pelo menos uma vez na vida, eu e meus seis irmãos tivemos um forte motivo para acreditar que Papai Noel existe. Era dezembro de 1965, no primeiro natal na casa que tínhamos alugado durante o nosso exílio no Chile. O meu pai tinha arranjado um emprego numa instituição de pesquisa, mas as dificuldades financeiras ainda eram grandes. A minha mãe estava muito triste e preocupada porque não conseguira comprar os presentes de natal para os setes filhos. Na véspera da noite de natal, o meu irmão Didi descobriu uma pequena passagem para o sótão da casa, onde encontrou um tesouro escondido. Eram três caixas de brinquedos importados fantásticos, usados e cobertos de pó. Lá do alto, com uma corda nas mãos, ele ia descendo os brinquedos, num momento de encantamento, eu e meus irmãos olhávamos maravilhados. Coube ao cientista político, jornalista e poeta mineiro, Edmur Fonseca, que nos visitava, com a sua sensibilidade, dar a explicação para a minha mãe sobre aquela “súbita expropriação”, porque afinal aqueles brinquedos não eram nossos: “Olha Thereza, dono de brinquedo é criança, não pense mais nisso”, afirmou convincentemente Edmur Fonseca. A origem desses brinquedos é um mistério, moramos anos naquela casa e nunca ninguém apareceu para reclamar sua posse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário