sábado, 9 de junho de 2012

Catarinense morto no período da Ditadura Militar brasileira vira documentário em rádio



Trajetória de vida de Paulo Stuart Wright é o Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo do acadêmico Carlos Eduardo Mocelin.
Na próxima segunda-feira (11/06), às 20h30, será apresentado na Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina, em São José, o documentário radiofônico intitulado "Cidadão Wright - Uma História de Luta, Perseguição e Morte na Ditadura Militar do Brasil".
O aluno Carlos Eduardo Mocelin, sob a orientação do professor Ricardo Medeiros, produziu o documentário que tem por objetivo registrar a história de Paulo Stuart Wright.
Paulo Wright, catarinense de Herval d’Oeste, nasceu no dia 2 de julho de 1933. Filho dos missionários presbiterianos Latham Ephraim Wright e Maggie Belle Miller Wright e, foi casado com Edimar Rickli, com a qual teve três filhos.
Sempre preocupado com as questões políticas e sociais, o catarinense trabalhou como operário metalúrgico e ajudou a organizar cooperativas em Santa Catarina e em outras regiões do Brasil.
Em 1961 foi convidado pelo governador do Estado de Santa Catarina, Celso Ramos, para ser o diretor de Imprensa Oficial do Estado e mudou-se para Florianópolis. Em 1962, Paulo Stuart Wright venceu a eleição para deputado estadual em Santa Catarina com 2.144 votos pelo Partido Social Progressista, o PSP. Nesse mesmo ano fundou a Fecopesca, com 27 entidades associadas, esse projeto lhe rendeu calúnias pelos políticos de direita que o acusavam de usar recursos ilícitos na organização das Ligas Marítimas. Esses fatos aumentaram a fama de Paulo Wright a qual consideravam como subversivo e comunista.
Os catarinenses viviam seu dia a dia sem imaginar que as forças armadas estavam preparadas para implantar o Golpe Militar no dia 31 de março de 1964. Nesse dia tropas militares desciam de Minas Gerais rumo à cidade do Rio de Janeiro onde encontrava-se o presidente João Goulart, o Jango.
Os setores conservadores da sociedade brasileira desaprovavam as políticas trabalhistas adotadas pelo presidente Jango. Isso colaborou ainda mais com os objetivos dos golpistas. No dia 1 de abril de 1964, o país tinha uma nova cara, os militares tinham tomado o poder, e João Goulart foi para Porto Alegre e com ajuda do governador Leonel Brizola conseguiu asilo no Uruguai.
No dia seguinte ao Golpe Militar, o governador de Santa Catarina envia uma mensagem de apoio às forças militares. Nessa efervescência política estava o deputado Paulo Wright, cujo envolvimento com os grupos sociais incomodava os colegas da bancada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O PSP, partido de Paulo Wright, pressionou a renúncia de seu mandato.
No dia 9 de abril ao definir a reforma da Constituição foi decretado o AI-1 Ato Institucional nº1 que eliminava a eleição direta para presidente da República. Além disso, tinha amplos poderes para cassar os mandatos políticos e suspender os direitos dos cidadão por 10 anos. O Congresso elegeu no dia seguinte o general Humberto de Alencar Castelo Branco como o novo presidente da República.
Paulo Wright foi deputado estadual e teve seu mandato cassado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina no dia 9 de maio de 1964. Nesse dia estavam presentes para votar a cassação, líderes e deputados estaduais dos partidos: UDN, PTB, Partido Social Progressista (PSP), Partido Democrata Cristão (PDC). No dia 10 de maio de 1964 os jornais catarinenses O Estado e a A Gazeta publicaram a notícia da cassação.
Em 1965 ingressou no Movimento Ação Popular (AP) e através de ideias e ações ousou desafiar a Ditadura Militar brasileira. Sua militância política resultou em perseguição e morte. Paulo viveu oito anos na clandestinidade desde seu ingresso como militante de esquerda da Ação Popular.
Em setembro de 1973, Paulo Stuart Wright, aos 40 anos de idade, foi visto pela última vez pelo companheiro de partido Osvaldo Rocha numa viagem na cidade de São Paulo. Percebendo a presença de militares no trem Osvaldo desceu primeiro e Paulo Wright desceu em outro ponto. Essa foi à última vez que Paulo foi visto. Chegando à sua casa, Osvaldo foi preso pelos militares e levado para o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna de São Paulo, o DOI-CODI. Em meio às agressões viu a blusa que Paulo vestia no trem jogado no chão. Paulo Wright está desaparecido desde 1973.
O documentário é o resultado de uma série de entrevistas com familiares e companheiros de militância que conviveram ou conheceram a história do catarinense.
Serviço


O quê:
Defesa do documentário de rádio Cidadão Wright: Uma História de Luta, Perseguição e Morte na Ditadura Militar do Brasil
Aluno: Carlos Eduardo Mocelin
Data: Dia11/06 - Segunda-feira
Horário: 20h30
Local: Laboratório de Informática 08 – 3º andar da Faculdade Estácio de Sá (SC)


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