sábado, 5 de fevereiro de 2011

MARIA SCHNEIDER - O ÚLTIMO TANGO EM PARIS

Morre a atriz francesa Maria Schneider, de 'O último tango em Paris'
RIO - A atriz Maria Schneider, que protagonizou com Marlon Brando um dos filmes mais polêmicos da história do cinema, "O Último Tango em Paris" - que provocou escândalo na década de 70 por suas cenas de sexo e nudez, incluindo a famosa cena da manteiga -, morreu nesta quinta-feira pela manhã em Paris, aos 58 anos, em consequência de uma longa doença, segundo informou a família.


"Maria morreu esta manhã em Paris após uma longa enfermidade", declarou um parente da atriz, que tinha apenas 19 anos quando protagonizou o filme de Bernardo Bertolucci, que estreou em 1972 e ficou proibido pela censura da ditadura militar no Brasil por mais de uma década. A atriz continuou atuando até 2008, mas ficou marcada para sempre pelo filme com Marlon Brando. Ela teve mais um filme aclamado pela crítica em seu currículo, "O passageiro: profissão repórter" (1975), de Michelangelo Antonioni, ao lado de Jack Nicholson.


Porém, desde então, só conseguiu papéis secundários. Enquanto isso, começou a entrar e sair de hospitais, devido a depressão e dependência de heroína. Abandonou o cinema durante uma época, para tentar carreira na música, sua antiga paixão: entre outras coisas, chegou a lançar um disco dedicado ao cantor italiano Lucio Battisti. Seu filme mais recente foi "Cliente", de 2008.


Maria nasceu em 27 de março de 1952, em Paris, filha do ator Daniel Gélin e de uma dona de livraria. Depois de alguns pequenos papéis em filmes de pouca repercussão, ela foi escolhida por Bertolucci para viver a jovem francesa que entrava numa relação obsessiva com um americano 30 anos mais velho, este vivido por Marlon Brando. A ideia do casal era se encontrar para manter relações sexuais sem que eles trocassem qualquer informação sobre suas vidas pessoais. A sequência mais famosa do filme transcendeu a tela do cinema e foi parar na cultura pop: no chão de um apartamento, o personagem de Brando usa manteiga para auxiliar na prática do sexo anal com a personagem de Maria.


Em 2007, numa entrevista ao jornal britânico "The Daily Mail", a atriz disse que a cena da manteiga não estava no roteiro e que teria sido uma ideia de Brando, durante a filmagem. Maria também afirmou ter se arrependido de fazer o filme. "Eles me enganaram. Eu me senti humilhada e, para ser honesta, um pouco estuprada, tanto por Marlon, quanto por Bertolucci. Essa cena não estava prevista. As lágrimas que se veem no filme são verdadeiras", disse.


"Sua morte chegou cedo demais, antes que eu pudesse voltar a abraçá-la e, pelo menos uma vez, pedir-lhe perdão", disse Bertolucci ao jornal italiano "La Repubblica", após receber a notícia da morte da atriz


O ministro da Cultura francês Frederic Mitterand divulgou um comunicado em que chamou Schneider de "uma grande artista" e elogiou sua habilidade de levar a ambiguidade às telas, sedutora e enigmática, quando trabalhou com diretores como Rene Clement e Bernardo Bertolucci. "Ela continua sendo a imagem singular da mulher de hoje, um dos exemplos da liberdade feminina que reconquista eternamente as novas gerações", afirmou.



Publicada em 03/02/2011 às 12h50m

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